Na manhã desta Quarta-feira de Cinzas (5), a Arquidiocese de Porto Velho fez a abertura da Campanha da Fraternidade 2025, cujo tema é “Fraternidade e Ecologia Integral”, e lema do livro do Gênesis (1,31): “Deus viu que tudo era muito bom”. O evento aconteceu no auditório da Cúria Metropolitana e reuniu o arcebispo Dom Roque Paloschi, sacerdotes, religiosos, diáconos, coordenadores de pastorais, e representantes da imprensa local.

Transmitida ao vivo pelas redes sociais da Arquidiocese e pela Rádio Caiari FM 103,1, o encontro trouxe debates essenciais sobre questões ambientais que impactam a região amazônica. Na sua explanação, Dom Roque Paloschi, apresentou a temática da campanha e os encaminhamentos pastorais da Igreja local, e iniciou seu discurso com uma pergunta: Porque a igreja escolheu essa temática?

O padre Dr. André Bordignon, um dos autores da Texto Base do Congresso Eucarístico Arquidiocesano, fez uma análise das encíclicas Laudato Si’ e Laudate Deum , do Papa Francisco, ressaltando a necessidade do compromisso cristão com a ecologia integral.

Também convidados para compor a mesa de honra, a Profª Drª Thais Maganhini, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), destacou os desafios ambientais enfrentados pelo estado, com foco na capital, Porto Velho. A Irmã Laura Vicuña, das Irmãs Catequistas Franciscanas, enfatizou a luta dos povos originários na defesa da Casa Comum. Já César Luiz da Silva Guimarães, superintendente do IBAMA, abordou as políticas públicas para a proteção da Amazônia e sua implementação em Rondônia.

No momento, também foram exibidos 3 vídeos de experiências concretas de mobilização ambiental. O primeiro destacou a atuação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), apresentado no estado desde 2004, defendendo os direitos das leis impactadas pelas usinas hidrelétricas de Samuel, Santo Antônio e Jirau, além de pautar questões como mudanças climáticas e economia solidária.

O segundo vídeo apresentou o trabalho do grupo Mulheres de Todas as Cores e da Cáritas Arquidiocesana, que promove rodas de conversa sobre Laudato Si’ e realiza planejamentos de mudas desde 2018, envolvendo comunidades e pastorais sociais na luta pela sustentabilidade e justiça ambiental.

Por fim, no terceiro vídeo, Cleicinha Medeiros, gestora ambiental da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, fez um apelo à adoção de hábitos mais sustentáveis, como a redução do uso de aplicação no cotidiano, reforçando a necessidade de pequenos gestos que fazem a diferença na proteção do planeta.

Para encerrar o evento, Dom Roque convidou os presentes a darem as mãos e entoarem a canção Cântico das Criaturas, de Zé Vicente, um louvor a Deus por sua criação. Em seguida, todos rezaram uma Ave Maria pela saúde do Papa Francisco, encerrando o evento.

A Campanha da Fraternidade 2025 convida todos os fiéis a refletirem sobre a relação entre Deus, o ser humano e a criação, reafirmando a responsabilidade de todos no cuidado com a Casa Comum.

Mensagem do Papa

Durante a cerimônia, desta quarta-feira de Cinzas, na sede da CNBB, em Brasília foi apresentada a mensagem do Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade deste ano. No texto, o pontífice felicitou a Conferência dos Bispos pela realização da Campanha, há mais de 60 anos. Francisco também louvou o “esforço em propor o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal a Cristo”.

“Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas”, desejou Francisco.

Leia a mensagem na íntegra aqui.

Queridos irmãos e irmãs do Brasil,

Com este dia de jejum, penitência e oração, iniciamos a Quaresma deste Ano Jubilar da Encarnação. Nesta ocasião, desejo manifestar a minha proximidade à Igreja peregrina nessa Nação e felicitar os meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela iniciativa da Campanha da Fraternidade, que se repete há mais de 60 anos e que neste ano tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e como lema a passagem da Escritura na qual, contemplando a obra da criação, “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,31).

Com a Campanha da Fraternidade, os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Laudato Si’, que publiquei há quase 10 anos, em 24 de maio de 2015, e que senti necessidade de complementar com a Exortação Apostólica Laudate Deum, de 4 de outubro de 2023.

Nestes documentos, quis chamar a atenção de toda a humanidade para a urgência de uma necessária mudança de atitude em nossas relações com o meio ambiente, recordando que a atual «crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior» (Laudato Si’, 217). Neste sentido, o meu predecessor de venerável memória, São João Paulo II, já alertava que era «preciso estimular e apoiar a “conversão ecológica”, que tornou a humanidade mais sensível» (Audiência, 17 de janeiro de 2001) ao tema do cuidado com a Casa Comum.

Por isso, louvo o esforço da Conferência Episcopal em propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas.

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição para que, durante a COP 30 do próximo mês de novembro, que se realizará em Belém do Pará, no coração da querida Amazônia, as nações e os organismos internacionais possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.

Desejo que esse itinerário quaresmal dê muitos frutos e nos encha a todos de Esperança, da qual somos peregrinos neste Jubileu. Faço votos que a Campanha da Fraternidade seja novamente um poderoso auxílio para as pessoas e comunidades desse amado País no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e de compromisso concreto com a Ecologia Integral.

Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, concedo de bom grado a Bênção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham no cuidado com a Casa Comum, pedindo que continuem a rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 11 de fevereiro de 2025, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.

Franciscus