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Começa a Campanha da Fraternidade que pela 3ª vez traz a reflexão sobre a fome

Nesta quarta-feira de cinzas (22/02), no auditório da Cúria Metropolitana em Porto Velho, aconteceu a abertura do tempo quaresmal juntamente com o lançamento da Campanha da Fraternidade, que pela 3ª vez traz para a reflexão, a fome.

Com o tema: Fraternidade e Fome e lema: Dai-lhes vós mesmos de comer, a Campanha pretende sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrida por milhões de brasileiros, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo.

O evento que foi transmitido, ao vivo, pela Rádio Caiari e Educadora de Guajará-Mirim, em cadeia; além das Rede Sociais da Arquidiocese e Rádio reuniu religiosos e religiosas, membros das pastorais sociais, membros do Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública do estado e a imprensa.  

Depois da apresentação do Hino e da Oração da CF 2023, o arcebispo de Porto Velho Dom Roque Paloschi faz uma breve apresentação do objetivo desta Campanha, destacando o compromisso de cada um, da igreja e dos governantes.

“A Campanha é um chamado pessoal, comunitário de nossas comunidades e também, para a sociedade. E aqui, entra muito uma temática que não podemos ignorar: a efetivação das políticas públicas, para que verdadeiramente a fome seja superada. Queremos mostrar e chamar a atenção que podemos fazer pequenas iniciativa possíveis de ajudar na questão da soberania alimentar, hoje, onde nós vivemos, na perspectiva da superação da fome, e mobilizar a sociedade para que aja sólidas políticas de alimentação no Brasil, que garanta que todos tenham vida; ou seja, o pão precisa chegar na mesa de todos”.

A ouvidora geral externa de Rondônia Valdirene Oliveira trouxe um pouco da realidade local, e chamou atenção para a falta de apoio à agricultura familiar, a base para a produção de alimentos que vão a mesa do brasileiro; bem como, para o contraste da riqueza produzida no estado e a falta de alimento na mesa de muitos.

“Em Rondônia, Infelizmente, a gente vive uma invasão do agronegócio. E onde tem o agronegócio, não tem produção de alimento que vai a mesa; porque quem produz o alimento que nós comemos é a agricultura familiar e camponesa. 70% do alimento que nós consumimos vem da agricultura. E infelizmente, durante esses últimos anos, esse apoio institucional não está chegando a agricultura familiar, pelo contrário, eles estão sendo expulsos das suas terras. Então, para que a gente possa combater a fome e os que vivem pelas ruas na miséria, somente com a seriedade governamental, institucional, com políticas sérias que promovam a Reforma Agrária. É inadmissível que no meio de tanta riqueza, tanta produção, de um PIB tão alto, de um estado tão rico, a gente ainda tenha que conviver com quase 80% das nossas crianças passando fome, aqui em Porto Velho”.

Já o procurador do Trabalho Lucas Barbosa Brum falou das implicações da fome na sociedade, especialmente, para a exploração do trabalho escravo, que em pleno século XXI é alta no estado. “É possível ainda, visualizar nos dias de hoje, um indivíduo com fome, sendo explorado pela sua própria condição. Não se enganem que a fraternidade é algo prático, automático, não é…é uma luta árdua. E não falo isso por teoria, falo de uma realidade do nosso estado, onde dentro da nossa cidade, na Ponta do Abunã, lá em Costa Marques…, são trabalhadores que são explorados, escravizados nos dias de hoje. No ano passado, eu pessoalmente, fiz o resgate de 31 pessoas em condições degradantes, sem liberdade, sem salário e, principalmente, sem alimento adequado. E tudo girando em torno de uma degradação ambiental, roubo de terras da união…isso tudo sendo permitido, não só pelo governo, mas também, pela sociedade. Então, precisamos dar um basta nisso. E conclamo todos, a ingressarem na Campanha, a buscar o espírito cristão e se engajarem nessa batalha, que não é só contra a fome, mas contra todos aqueles que veem na fome uma forma de tirar vantagem”, finaliza.

No encontro também foram apresentadas algumas iniciativas feitas pelas pastorais sociais de Porto Velho, que já estão dando frutos e ajudando a matar a fome de muita gente; bem como foram apresentadas sugestões para melhorar as ações e ajudar ainda mais pessoas; ações como da Cáritas de Porto Velho que oferece ajuda para estrangeiros e moradores de rua; da Pastoral da Criança que instrui mães para construir a horta caseira; Pastoral dos Migrantes que ajuda migrantes e indígenas, também a fazer a horta caseira, produção de artesanato; das Comunidade Eclesiais de Base (Cebs) que distribui mudas de plantas frutíferas… etc.

Dados Importantes

A Campanha deste ano acontece em um cenário onde milhões de brasileiros não têm certeza se vão ter comida todos os dias, agravada pela pandemia da Covid 19. Uma pesquisa divulgada em junho do ano passado aponta que a fome que avança pelo Brasil atinge percentualmente mais os moradores da Região Norte: 71,6% sofrem com a insegurança alimentar e a fome extrema faz parte do cotidiano de 25,7% das famílias — índice maior que a média nacional de aproximadamente 15%. (fonte G1)

De acordo com Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), uma pesquisa realizada entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir de entrevistas feitas em 12.745 domicílios, distribuídos em áreas urbanas e rurais de 577 municípios das 27 unidades da federação – 26 estados mais o Distrito Federal, mostra que o país soma atualmente cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase o dobro do contingente em situação de fome estimado em 2020.

Em números absolutos, são 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país.

Contato

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  • Avenida Nações Unidas, 605
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    Porto Velho, Rondônia
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